segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias

Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.
Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: Lições do Santo Sepulcro de Jesus Cristo aberto após séculos para exame científico




Por que fizeram estes trabalhos?

Durante a restauração de 1810, foi erigida sobre o sagrado Santo Sepulcro uma pequena estrutura artística conhecida como edícula (do latim aedicule, ou “casinha”).

Essa edícula há tempos pedia uma restauração e a Autoridade das Antiguidades do governo de Israel acabou declarando-a insegura impondo uma reforma.

Após muita discussão uma equipe de cientistas da Universidade Técnica Nacional de Atenas, sob a direção de seu supervisor científico chefe, a professora Antônia Moropoulou, ficou a cargo da empreitada.

Essa Universidade havia demonstrado sua competência restaurando a Acrópole de Atenas e a catedral Santa Sofia de Istambul.



Doadores privados e públicos forneceram contribuições por mais de US$ quatro milhões para financiar o projeto.

A edícula sobre o Santo Sepulcro cuja restauração motivou os trabalhos.
A edícula sobre o Santo Sepulcro cuja restauração motivou os trabalhos.
Um trabalho completo exigia uma análise do estado da rocha sobre a qual se apoia a edícula. Mas essa é a própria rocha na qual foi aberta a câmara mortuária onde aconteceu a Ressurreição.

Acrescia que além da Tradição e documentos muito antigos, a única fonte incontrovertível que atestava que ali estava o Santo Sepulcro era o testemunho de Santa Helena, que recuperou o túmulo no ano 326. Portanto, há quase 1.800.

Também nunca falta o zum-zum dos incrédulos sofismando se tratar tudo de uma superstição religiosa e lá embaixo não ter nada, ou algum túmulo alheio ou como qualquer outro.

O fato de milhões de peregrinos passarem todo ano sobre o Santo Sepulcro durante séculos poderia ter alterado a resistência da rocha.

Era prudente, necessário e útil sob vários pontos de vista fazer uma vistoria do local.

Mas, se era para abrir o Sepulcro, era o caso de se aplicar nele tudo o que a tecnologia tem de melhor para colher a maior quantidade de dados científicos possível.

“Nós estamos no momento crítico de restaurar a edícula”, explicou a professora Moropoulou.

“A tecnologia que estamos usando para documentar este monumento único permitirá que o mundo inteiro estude nossos achados como se ele próprio tivesse entrado na tumba de Cristo”.

O que acharam?

Especialistas removendo a placa de mármore que recobre o Sepulcro de Cristo.
Havia especialistas que acreditavam que o túmulo havia acabado sendo destruído após tantas ocorrências históricas. Porém, uma varredura inicial por radar mostrou que a cova estava íntegra e que tinha uma profundidade de 1,28 metros (6 pés).

Acresce que as varreduras foram feitas na igreja toda e foram detectadas pelo menos outras seis covas funerárias embaixo dela.

Nada de espantar, pois o local fora um cemitério. O nome do local em hebraico que os Evangelhos nos transmitem é “Gólgota” que significa “monte das caveiras”.

Porém, só uma das covas detectadas coincidia com o local apontado como sendo o Santo Sepulcro venerado durante dois mil anos pela tradição ininterrupta dos fiéis: embaixo da edícula.

Os especialistas removeram em primeiro lugar a grande peça de mármore sobre a qual os fiéis rezam depositam flores e votos.

Embaixo dela havia uma camada de entulho sobre a qual pousava a placa. Após a cuidadosa remoção do entulho foi identificada uma nova placa de pedra que tinha entalhada uma cruz e estava rachada ao meio.

O último que viu essa placa de mármore foi por volta de seis séculos atrás.

O arqueólogo Fredrik Hiebert explicou se tratar de uma peça do século XII da qual só se tinha notícia escrita.

Ela teria sido mandada rachar para que, em caso de saque muçulmano, esses saqueadores de tumbas julgassem que não tinha valor comercial e não prosseguissem adiante na profanação.

Tudo concordava com o que se sabia do Santo Sepulcro.

Os trabalhos prosseguiram. Embaixo da placa cruzada havia ainda mais recheio que foi cuidadosamente removido.

Por fim a pedra sagrada original se revelou intacta ante os cientistas.

“Meus joelhos estão tremendo!”

Santo Sepulcro a pedra escura com uma cruz é a laje dos cruzados. A pedra clara é do túmulo original. Sobre ela foi depositado Jesus morto e nela ressuscitou
Santo Sepulcro a pedra escura com uma cruz é a laje dos cruzados.
A pedra clara é do túmulo original.
Sobre ela foi depositado Jesus morto e nela ressuscitou
“Eu estou absolutamente espantado. Meus joelhos estão tremendo porque eu não imaginava ver isto”, reconheceu o arqueólogo Fredrik Hiebert, do National Geographic.

“Não podemos garantir 100%, mas isso aparece como a prova de que o posicionamento da tumba não foi mudado com o tempo, uma coisa que cientistas e historiadores de perguntaram durante décadas”, acrescentou.

“Esta é a Rocha Santa que vem sendo venerada há séculos, mas só agora pode realmente ser vista”, disse a professora Antonia Moropoulou, que lidera a restauração.

As características do local batem com os primeiros relatos de sepultamento de Jesus contidos nos evangelhos.

Os arqueólogos identificaram mais de mil túmulos semelhantes cortados na rocha ao redor de Jerusalém, explicou o arqueólogo do National Geographic Jodi Magness.

Todos os detalhes do Santo Sepulcro são “perfeitamente consistentes com o que sabemos sobre como ricos judeus sepultavam seus mortos no tempo de Jesus”, sublinhou Magness. Pois era o túmulo do rico São José de Arimateia.

Os Evangelhos especificam que Jesus foi enterrado fora de Jerusalém, perto do local de sua crucificação no Gólgota (“o lugar de crânios”).

A presença de pelo menos uma meia dúzia de outros túmulos do período é importante evidência arqueológica, de acordo com Magness. “O que eles mostram é que, de facto, esta área era um cemitério judeu fora dos muros de Jerusalém na época de Jesus.”

De acordo com Dan Bahat, ex-arqueólogo da cidade de Jerusalém, “nós não podemos estar absolutamente certos que a Igreja do Santo Sepulcro é o local de enterro de Jesus, mas certamente não há outro sitio do qual se pode afirmar isso com tanta forca, portanto nós realmente não temos nenhuma razão para rejeitar sua autenticidade”.

O arqueólogo Martin Biddle, autor de um estudo seminal sobre o Santo Sepulcro, acredita que agora vai se analisar cuidadosamente os dados recolhidos. “As superfícies da rocha deve ser olhadas com o maior cuidado procurando minuciosamente vestígios de grafites”.

Biddle aludia a outros túmulos cujos muros ficaram pintados ou riscados com cruzes e inscrições.

Após consciencioso fechamento, a equipe da Universidade Técnica Nacional de Atenas continua a restauração da edícula, coletando informações valiosas que os estudiosos analisarão durante anos para entender melhor um dos locais mais sagrados do mundo.

A Ressurreição de Cristo, Beato Fra Angelico (1395 – 1455). Convento de San Marco, Florença
A Ressurreição de Cristo, Beato Fra Angelico (1395 – 1455).
Convento de San Marco, Florença
O Santo Sepulcro ficou aberto durante 60 horas nos dias 26, 27 e 28 de outubro de 2016.

Ficou instalado um vidro blindado que permitirá ver uma parte pequena da parede do santo túmulo.

Ressurreição de Cristo e “ressurreição” da Igreja

Para o jornal “The New York Times” que partilha a opinião dos céticos, até agora a única prova de que aquele é o túmulo de Jesus consiste “no poder místico que se evidencia nas lâmpadas de ouro” e no fato de ter cativado durante séculos a imaginação de milhões de pessoas no mundo todo.

Mas, acrescenta o agnóstico jornal, durante muitos séculos ninguém olhou o que havia lá dentro.

Agora, porém, como disse um religioso não católico “nós vemos com nossos próprios olhos o local onde foi enterrado Jesus Cristo”.

O incrédulo jornalista do “The New York Times” foi um dos poucos convidados a ver com seus olhos a pedra sobre a qual repousou o Corpo Santíssimo de Jesus Cristo antes da Ressurreição.

Ele ficou impressionado pela sua pobreza, de simples pedra calcária lisa e sem adornos, com uma rachadura pelo meio. Tudo isso iluminado pelo bruxuleio das velas que iluminavam nesse momento o minúsculo vão.

A Igreja Católica, a única verdadeira, nasceu do costado de Nosso Senhor Jesus Cristo aberto pela lançada do centurião.

Após essa derradeira ferida, o Corpo morto foi descido da Cruz para ser enterrado por Nossa Senhora – auxiliada pelas santas mulheres, São João e São José de Arimateia – no Santo Sepulcro.

E ali ressuscitou.

Não deve espantar ninguém que a Igreja Católica passe por circunstâncias e crises assustadoras.

Mas Ela é imortal por promessa de Cristo e há de vencer as trevas de hoje e voltar a resplandecer novamente numa espécie de ressurreição, comparável à de Seu Divino Fundador.


continua no próximo post: Cientistas identificam mistérios na abertura do Sepulcro de Cristo


Momentos nos trabalhos no Santo Sepulcro









Igreja do Santo Sepulcro (antes da restauração) em 360º
Para “entrar” no Sepulcro clique na última foto da série embaixo




2 comentários:

  1. A crença é uma questão de fé e não em fatos, mas se a ciência diz assim e não há nada a negar. Este filme não é como a outro filme de Jesus , porque ela trata Jesus como um homem julgado pelo Império Romano, e acabar com a possibilidade de humano e celestial sendo deixada em aberto. Se você ainda não viu, eu recomendo-los agora que vai acontecer na TV.

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  2. É muito maravilhoso estar no Santo Sepulcro Jeruzalem.

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