segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Boas notícias do espaço: descoberto “muro invisível”
que protege a Terra contra radiação letal

Ilustração didática da atividade dos anéis de Van Allen
Ilustração didática da atividade dos anéis de Van Allen


Notícias tranquilizadoras sobre a natureza e o nosso meio ambiente provêm com relativa frequência da ciência objetiva.

Mas elas não obtêm espaço na mídia, que prefere os anúncios estarrecedores ou deprimentes, e rara vezes verdadeiros, do ambientalismo radical.

É o caso da descoberta surpreendente, e até agora inexplicada, feita por uma dupla de satélites da NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) e reportada em 27.11.14 pela revista científica britânica “Nature”.

Os satélites detectaram um campo de força invisível e impenetrável, a cerca de 11 mil km da superfície da Terra, que protege nosso planeta de doses letais de radiação. O anúncio foi noticiado por Salvador Nogueira blogueiro da Folha de S.Paulo.

As sondas Van Allen foram lançadas em agosto de 2012 com o objetivo estudar os ‘cinturões de Van Allen’, dois anéis de radiação resultantes da interação do campo magnético terrestre com as partículas emanadas constantemente do Sol.

Os dois cinturões, aliás, foram a primeira descoberta da era espacial, feita em 1958 pelo cientista americano James Van Allen, da Universidade de Iowa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

26 catedráticos espanhóis: o “ateísmo científico”
não tem base na ciência



Vinte e seis professores catedráticos de diversas áreas da Ciência, que lecionam ou trabalham em 14 universidades espanholas, publicaram um livro para rebater a suposta incompatibilidade entre a Religião e a Ciência, espalhada por alguns “cientistas materialistas”, informou a agência Infocatólica.

O livro veio à luz uma semana após o cientista Stephen Hawking defender que não acredita em Deus, nem na sua existência, e nem mesmo numa necessidade matemática de um Deus criador do universo, como afirmava outrora.

A declaração de Hawking teve certa repercussão, pois ele ganhou notoriedade sustentando uma espécie de necessidade da existência de Deus derivada das equações do Universo.

A hipótese de Hawking era digna de consideração. E foi muito bem recebida nos ambientes mais científicos, menos defensores da fé e do catolicismo. Agora, porém, Hawking decepcionou a todos eles.

Entre os autores do novo livro que põem as coisas em seu lugar, encontra-se o Prof. David Jou, catedrático de Física da Matéria Condensada na Universidade de Barcelona.

Aliás, ele é tradutor para o espanhol da obra de Hawking, tendo prefaciado todas as obras publicadas até hoje pelo cientista que agora adotou o ateísmo.

O livro “60 preguntas sobre ciencia y fe respondidas por 26 profesores de universidad” (“60 perguntas sobre ciência e fé respondidas por 26 professores universitários”) foi editado pela Editorial Stella Maris.

Os especialistas espanhóis sustentam que o conhecimento científico atual fornece dados que “analisados sem interpretações materialistas e ateias”, não são “de maneira alguma incompatíveis com a doutrina cristã”.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Patena eucarística com Cristo em Majestade,
uma das mais antigas já achadas

A patena nas mãos de um restaurador.
A patena eucarística com Cristo em Majestade nas mãos de um restaurador.


Na localidade espanhola de Cástulo, província de Jaén, uma equipe de arqueólogos engajados no Projeto de Investigação Forvm MMX desenterraram e os, depois, especialistas em restauração recuperaram uma peça única do século IV que representa a Nosso Senhor Jesus Cristo em uma patena de fino vidro.

Trata-se de uma das mais antigas imagens do Cristianismo representando o Divino Redentor.

Cástulo é um dos mais ricos sítios arqueológicos da Espanha. Foi uma cidade romana hoje reduzida a ruínas, mas que apresenta uma surpreendente preservação. Nela foram feitas descobertas notáveis, como pisos de mosaicos complexos que podem ser admirados no local.

Um dos edifícios descobertos parecia ter servido de igreja católica e testemunha quão cedo o catolicismo penetrou na Península Ibérica.

No local, durante três anos, os arqueólogos foram retirando pacientemente pequenos fragmentos de vidro das ruínas de uma basílica.

Mas foi só no mês de julho que localizaram fragmentos que “por seu tamanho e pelos desenhos que continham” revelaram “um documento arqueológico excepcional”, segundo explicou à agência AFP o chefe do projeto, Marcelo Castro.

Limpados com extremo cuidado e depois colados, os fragmentos mostraram constituir uma patena, o prato precioso que era colocado sob o queixo do fiel para evitar que algum fragmento do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Eucarístico pudesse cair no chão.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Angkor Wat: o mistério da cidade perdida
vasculhado com raios laser

Templo central de Angkor Wat. O que fez os habitantes abandonarem intacta uma cidade opulenta?
Templo central de Angkor Wat. O que fez os habitantes abandonarem intacta uma cidade opulenta?


Nas profundezas da selva do Cambodge surge uma vasta cidade religiosa de vistosa concepção arquitetônica, recoberta de baixos-relevos e estátuas de tipo iniciático, em geral lascivas ou monstruosas, fazendo alusão a divindades infernais.

Trata-se de Angkor Wat, ou Cidade do Templo, construída pelo rei Suryavarman II no início do século XII. A cidade incluía o templo central e a capital do Estado, tendo-se tornado o centro político e religioso do império khmer, ou cambodgeano.

O centro dessa cidade de 200 hectares era rodeado por um muro e um lago perimetral de 3,6 km de comprimento por 200 metros de largura.

A cidade e a área circunvizinha agora foi vasculhada com um avançado sistema de raios laser operado por cientistas da Universidade de Sidney, Austrália.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

NASA informa que o sol quase “torrou” a civilização da informação. Mas a Providência Divina impediu o desastre que as ciências e as técnicas nunca conseguiriam evitar

Representação artística da força de uma erupção solar. A Terra (ponto azul embaixo) aparece muito mais perto do sol para ilustração.
Representação artística da dimensão e força de uma erupção solar.
A Terra (ponto azul embaixo) aparece muito mais perto do sol para ilustração.


Por que o relacionamento entre a ciência e a Igreja ficou enrarecido e até envenenado em relevantes proporções?

Houve fatores históricos bem conhecidos. Notadamente o movimento naturalista que preparou a Renascenca, desenvolveu-se no Iluminismo, e acabou dando no materialismo comunista.

Esse processo histórico caminha para a sua extinção. A religião – por vezes, misturada de primitivas superstições orientais como nas obras da Nova Era – vai pondo de lado o naturalismo agnóstico.

Porém, ainda perduram em nossos dias fatores de incompreensão e atrito entre as ciências naturais (a Ciência) e divinas (a teologia e/ou a Igreja Católica, pregadora da religião verdadeira).

Entre esses fatores figura um, de natureza mais bem psicológica, que recentes noticias provenientes da NASA e de fenômenos atmosféricos nos ajudam a focalizar.

No conceito da ordem natural – professada até por filósofos pagãos e pelo catolicismo, que a resume nos Mandamentos –, Deus, criador de todas as coisas, vela pelo andamento harmonioso da ordem do Universo.

Ele é o dono da vida, e chama os homens quando decide que é o momento; é Aquele que governa tudo quanto existe por meio de Sua Providência supremamente sapiencial.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A ciência à procura de indícios do Dilúvio

Iluminura mongol, reprodução contemporânea de uma pintura alusiva da Arca de Noé
Iluminura mongol, reprodução contemporânea
de uma pintura alusiva da Arca de Noé
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na tradição unânime dos povos da Antiguidade, o Dilúvio se apresenta como um fato histórico incontestável. E o Livro do Gênesis fornece a melhor descrição.

Porém, devido à grande distância no tempo, certas perguntas afloram continuamente nos espíritos.

Uma delas – não a única – gira em volta da seguinte interrogação: como é que pode ter acontecido um fenômeno tão colossal e tão universal?

A Bíblia é suficiente para a Fé. Mas o que diz a ciência?

Há provas dele? Se há, onde estão?

Se não há, quem fala claramente e põe o dedo na chaga?

Assim como o texto bíblico e a Fé são claros, a ciência se enche de teorias e experiências de diversos tipos, sem ter chegado até agora a um consenso.

A ciência não pode menosprezar a opinião unânime dos povos antigos. E de fato não o faz. Há muito saiu à procura de uma explicação. Até o momento ela não achou nenhuma explicação que reúna um certo consenso científico.

Porém está trabalhando com vultosos gastos, o que não faria caso achasse que o Dilúvio é um mero mito.

O arqueólogo submarino Robert Ballard é um dos mais famosos na especialidade. Foi ele quem descobriu em 1985 o casco do Titanic, afundado a 3.798 metros de profundidade; o couraçado Bismarck em 1989, e em 1998 os restos do porta-aviões USS Yorktown, afundado em 1942 na batalha de Midway.

Ballard e sua equipe defendem ter achado as provas de que o Dilúvio bíblico aconteceu efetivamente. Seus trabalhos são patrocinados pela “National Geographic Society”, que vem promovendo estudos geográficos desde 1888.

Em entrevista à ABC News, ele defendeu ter identificado restos de uma antiga civilização sepultada pelas águas no tempo de Noé, nas profundezas do Mar Negro, próximo da Turquia.
br /> Ballard utilizou um submergível robótico equipado com câmaras com controle remoto mais avançadas do que as que permitiram a localização dos restos do Titanic.

Trabalhos do Dr. Robert Ballard são patrocinados pela National Geographic Society dos EUA.
Trabalhos do Dr. Robert Ballard são patrocinados
pela National Geographic Society dos EUA.
Ele parte do pressuposto de que há 12.000 anos boa parte do mundo estava coberta pelo gelo, mas que seu posterior derretimento despejou grandes quantidades de água nos oceanos, produzindo enchentes em todo o mundo.

Mas enchente não é o mesmo que Dilúvio. Este é um fenômeno muito maior, que Ballard chama de “mãe de todas as enchentes”.

No fim dos anos 90, os geólogos da Universidade Columbia, EUA, William Ryan e Walter Pitman, afirmaram a tese de que um grande dilúvio aconteceu no Oriente Médio como resultado do derretimento do gelo da última Idade Glacial por volta de 7.000 anos atrás. A datação é muito próxima da época do Dilúvio bíblico.

Naquela época, existia no lugar do Mar Negro um lago de água doce, e as férteis terras circunvizinhas eram ocupadas por produtivas fazendas.

Quando o nível dos oceanos subiu, o Mar Mediterrâneo arrebentou as defesas naturais que o separavam daquele lago com uma força 200 vezes superior à das cataratas do Niágara, alagando de modo pavoroso as regiões em volta do Mar Negro, que passou desde então a ser um mar de água salgada.

“Nós fomos lá procurando o dilúvio, explicou Ballard. Não apenas um certo movimento, ou um aumento do nível do mar, mas realmente um grande dilúvio que teria acontecido”.

A identificação de uma antiga linha costeira a 120 metros de profundidade provou aos olhos de Ballard que um evento catastrófico aconteceu no Mar Negro.

A datação pelo teste do carbono das conchas colhidas nessa linha costeira apontaria para uma data próxima do ano 5.000 a.C., quer dizer a data estimada do Dilúvio de que fala o Gênesis.

“Deve ter sido um dia terrível, continua Ballard. “Num momento não imaginável, isso arrebentou e inundou a região e um monte de fazendas, algo assim como 150.000 quilômetros quadrados de terra que ficaram embaixo da água”.

Ballard não procura a Arca de Noé, mas provas de que todo um mundo limitado desapareceu sob as águas há 7.000 anos.

Não adianta comparar com o tsunami de 2004 ou o furacão Katrina e supor que os homens mitificaram a catástrofe e inventaram o Dilúvio.

“Começamos achando estruturas feitas por homens, diz Ballard. Também muitos restos de cerâmicas e até o antigo casco de um barco, “perfeitamente preservado nas partes de madeira e o que parecem ser ossos humanos”.

A preservação se deve a que o Mar Negro não tem quase oxigênio e os processos de decomposição são muito lentos. Não longe dali já havia sido descoberto um barco afundado por volta do ano 500 a.C.

Infográfico da hipótese do Dilúvio no Mar Negro.
Infográfico da hipótese do Dilúvio no Mar Negro.
Fred Hiebert, arqueólogo da Universidade de Pennsylvania e membro da equipe de Ballard, disse a “The Guardian” que eles não procuram apenas objetos, mas toda uma civilização de há milhares de anos.

“Na verdade, nós não podemos dizer de modo algum que isso foi o Dilúvio bíblico. A única coisa que podemos dizer é que houve uma inundação maiúscula que atingiu o povo que aqui vivia”, acrescentou.

Uma série de expedições entre 1998 e 2005, promovidas por governos europeus como o da França e o da Romênia, prosseguidas depois por um projeto Pan-Europeu, analisaram sedimentos no local e confirmaram a conclusão de Pitman e Ryan que inspiraram Ballard.

A teoria e os trabalhos da equipe de Ballard são sugestivos, mas não são probatórios. Ele mesmo reconhece que será necessária muita investigação submarina no local para se fazer uma afirmação científica.

Tampouco é uma teoria professada por outros.

E, como se fosse pouco, não responde a uma das maiores perguntas: como se deve entender a característica “universal” do Dilúvio?

Segundo alguns, pode-se achar que o “universal” de que fala a Bíblia e a tradição geral tem o sentido que passou por cima de toda a parte da terra habitada pelos homens.

Como naquela época os homens eram pouco numerosos e viviam todos juntos numa mesma área, o “universal” deveria se entender no sentido de que foi coberta toda essa área, mas não necessariamente o mundo todo.

A Arca no Monte Ararat. Simone de Myle, 1570.
A Arca no Monte Ararat. Simone de Myle, 1570.
Porém, outros defendem que todo o planeta foi coberto pelas águas. Teriam coberto até montanhas como o Himalaia?

Em terceiro lugar está a posição dos que defendem que o Dilúvio foi “universal” não no sentido geográfico, mas antropológico. Quer dizer, destruiu a totalidade da raça humana. Obviamente, com a exceção de Noé e sua família.

O tema suscita paixão e por isso exige prudência e circunspecção.

Segundo a Enciclopédia Católica, “muito poucos Padres da Igreja tocaram na questão ex professo. Entre eles há alguns que restringem o Dilúvio a algumas partes da superfície terrestre sem incorrer em censuras por ofender a tradição”.

E a ciência? Está trabalhando. Aguardemos o que ela possa vir a nos dizer.

Para nós, acaba sendo mais importante o que Nosso Senhor nos disse a respeito de sua futura vinda:

“37. Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem.

“38. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.

“39. E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.” (Mateus, 24, 37ss)

O tema do dilúvio não se esgota aqui e esperamos voltar ainda a tratar de outros aspectos.





quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Novidades assombrosas chegam do Carmelo de Coimbra.
Texto inédito da Irmã Lúcia.

O livro "Um caminho sob o olhar de Maria" editado pelo Carmelo de Coimbra.
O livro "Um caminho sob o olhar de Maria" editado pelo Carmelo de Coimbra.

Em raras ocasiões, temos publicado matérias não diretamente relacionadas com a temática específica de nosso blog.

É o caso agora do post “Novidades assombrosas chegam do Carmelo de Coimbra” sobre documento inédito da Irmã Lúcia.

O post foi publicado no blog “A Aparição de La Salette” e acreditamos possa ser de interesse para muitos leitores deste blog.

Um documento inédito da Irmã Lúcia que se insere no conjunto profético de Fátima foi publicado pelo Carmelo de Coimbra.

Esse documento revela coisas novas e pasmosas sobre o desfecho da crise do mundo que abandonou a Fé e a Civilização Cristã.

A origem desse documento é a seguinte. O Carmelo de Coimbra, onde viveu seus últimos anos e morreu (em 2005) a Irmã Lúcia, publicou um livro oficial com o título Um caminho sob o olhar de Maria.

Trata-se de uma biografia da vidente de Fátima, redigida por suas irmãs do Carmelo. Ela inclui documentos inéditos escritos pela própria religiosa.

Eis os dados bibliográficos do livro: Um caminho sob o olhar de Maria — Biografia da IRMÃ Maria LÚCIA de Jesus e do Coração Imaculado, Carmelo de Santa Teresa, Edições Carmelo, Coimbra, 2013, 496 pp. http://lucia.pt/lucia/livros_lucia.php

A Terceira Guerra Mundial

Hoje se fala muito que vivemos no conturbado período histórico lugubremente inaugurado pela I Guerra Mundial. A II Guerra foi um deplorável desdobramento da Primeira, segundo a afirmação geral dos historiadores mais reputados.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A ciência se depara face a face com Deus,
após séculos de cientificismo antirreligioso

Embaixo: o Atacama Large Millimeter-submillimeter Array (ALMA), maior telescópio da Terra.
Fundo: galaxia Andrómeda, a mais parecida à nossa, a Via Láctea.
Desde o Iluminismo – para fixarmos uma referência – um viés cientificista veio insistindo na ideia de que, à medida em que a ciência fosse se desenvolvendo, tornar-se-ia evidente que a existência de Deus é uma crendice para encobrir uma vergonhosa ignorância.

E a ciência progrediu. A cada descoberta relevante e a cada nova teoria – algumas das quais se demonstraram falsas depois – esse espírito iluminista, revolucionário, anticatólico e ateu cantava vitória. Afinal, diziam, a religião ficou dessueta!

Ainda hoje se publica farta literatura de botequim repetindo o mesmo ‘disco ralado’. A inexistência de Deus estaria demonstrada, foi descoberta a máquina do Universo que torna desnecessária a divindade, a inteligência é coisa que o computador faz. Não precisamos de um Criador para explicar o Universo!!!

Mas, descartando essa literatura de rodoviária e nos voltando para os cientistas de verdadeira envergadura atuais, verificamos que um a profunda mudança está em curso.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Arqueologia identifica existência
de 50 personagens do Antigo Testamento

Capa da Biblical Archaeology Review
Capa da Biblical Archaeology Review




Na Biblical Archaeology Review, o acadêmico Lawrence Mykytiuk, professor associado da Universidade Purdue, elaborou uma lista dos personagens históricos do Antigo Testamento que ficaram registrados em documentos arqueológicos.

Trata-se de colunas de pedra, selos de argila, recibos, tabletes ou inscrições funerárias que ainda existem após 2.000 ou 3.000 anos, apesar de guerras, terremotos, depredações e saques.

Mykytiuk constatou que, com os conhecimentos atuais, a partir de provas arqueológicas materiais, se pode demostrar a existência de 50 personagens bíblicos.

Não está excluido, e até parece certo, que trabalhos em andamento venham a demostrar a existência de outros.

Os 50 formam um conjunto mais do que suficiente para reforçar a certeza da veracidade e historicidade do Antigo Testamento.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Últimos achados astrofísicos
afinam com narração bíblica da Criação

Clem Pryke, Jamie Bock, Chao-Lin Kuo e John Kovacem conferência de imprensa  no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics in Cambridge, Massachussets
Clem Pryke, Jamie Bock, Chao-Lin Kuo e John Kovac em conferência de imprensa
no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics in Cambridge, Massachussets

Anunciada nos EUA uma descoberta que é um marco para a astrofísica

Liderados pelo astrônomo John M. Kovac, pesquisadores do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, da Universidade de Minnesota, do California Institute of Technology, da Universidade de Stanford e do Jet Propulsion Laboratory da NASA anunciaram a descoberta da “primeira evidência direta” daquilo que os cientistas chamam de “inflação cósmica”.

A expressão indica a teoria segundo a qual, no segundo imediato ao “Big Bang”, o universo expandiu-se a uma velocidade inimaginável. O “Big Bang” (ou “grande explosão”) é a teoria que prevalece na ciência a respeito da origem do mundo, embora com muitas variantes segundo os diversos postuladores.

O novo trabalho também forneceria a primeira demonstração da existência das ondas gravitacionais, ondulações do espaço-tempo, previstas por Albert Einstein, mas nunca antes detectadas.

segunda-feira, 31 de março de 2014

As relíquias na grande estátua
da basílica de São Martinho de Tours

Religiosas mostram o relicário achado na estátua de São Martinho de Tours
Religiosas mostram o relicário achado na estátua de São Martinho de Tours
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Há mais de um século, os fiéis de Tours, na França, transmitem de geração em geração a certeza de que o braço erguido da estátua de São Martinho de Tours, apóstolo da nação gaulesa, continha ossos do santo.

São Martinho de Tours nasceu na Panônia (Hungria), por volta de 316 ou 317, e faleceu em Candes, França, em 397.

É um dos maiores santos da Igreja e sua imagem equestre se encontra em inumeráveis templos católicos.

O santo aparece dividindo sua capa de oficial romano com um pobre miserável nu. Na noite seguinte Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu vestido com o pedaço de capa que o oficial havia doado.

O fato foi decisivo para a sua conversão e São Martinho acabou sendo bispo de Tours, atraindo para a Igreja uma quantidade prodigiosa de pagãos e fazendo incontáveis milagres.

As relíquias estavam no braço que abençoa, confirmando o que todos acreditavam
As relíquias estavam no braço que abençoa,
confirmando o que todos acreditavam
Ele é chamado de “Pai das Gálias”, pois após sua conversão retirou-se a uma gruta.

Mas ali não demorou muito, porque foi chamado a ser bispo da região central da província romana que depois foi batizada como França.

Em torno de sua pessoa se reuniram muitos convertidos ao catolicismo que imitavam sua vida exemplar.

Ele instituiu a primeira escola e transformou o local – que hoje é a cidade de Tours – no grande centro de irradiação do cristianismo na atual França.

Seu túmulo e a capa do milagre foram visitados pelo rei pagão Clóvis.

Esse rei estava agoniado pela perspectiva da batalha de Tolbiac contra a temível horda também pagã dos alamanes (ano 496).

Tours: interior da basílica
Tours: interior da basílica
Sobre o túmulo do santo, Clóvis prometeu se converter ao “Deus de (Santa) Clotilde”, sua mulher católica, se obtinha a vitória.

Clóvis venceu miraculosamente e foi batizado junto com 3.000 de seus soldados no Natal do mesmo ano por São Remígio, em Reims.

Foi o nascimento da França, a primeira nação cristã da Europa.

Tours: exterior da basílica de São Martinho
Tours: exterior da basílica de São Martinho
São Martinho de Tours foi de tal maneira cultuado, que o templo onde se venerava sua capa recebeu o nome de “capela”, palavra hoje largamente generalizada.

A família real francesa recebeu o nome de “Capeto” por ter recebido, há mais de um milênio, um pedaço dessa célebre relíquia, outorgada pelo capítulo de religiosos da cidade.

Essa doação pesou decisivamente no fato da família ser escolhida para reinar na França. Reinado esse que durou até Luis XVI, e com intermitências até a queda de Luiz Felipe em 1848.

O santuário ficou tão famoso, rico e importante, que para os bárbaros invasores saqueá-lo era o máximo objetivo no território francês.

Por isso mesmo, a cidade se encheu de muros e torres militares defensivas. De ali provém o nome da cidade “Tours” = Torres.

São Martinho de Tours é padroeiro de cidades tão diversas como Buenos Aires, Mainz, Utrecht, Rivière-au-Renard e Lucca. Quatro mil igrejas lhe estão dedicadas no mundo.

São Martinho de Tours divide sua capa com o pobre,
que resultaria ser Jesus Cristo. Museu de Cluny, Paris
Ele é também padroeiro dos curtidores, alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, restauradores (hotéis, pensões, restaurantes), produtores de vinho, e, obviamente, dos mendigos.

Seu santuário principal, onde se encontra seu túmulo fica na cidade de Tours, na região do Loire.

No século XIX, um piedoso levantamento de fundos permitiu construir uma bela basílica inteiramente nova.

A primitiva basílica foi devastada pelos protestantes que também arrasaram muros e torres.

Posteriormente, em continuidade com o espírito protestante, a Revolução Francesa demoliu a basílica restaurada e fez passar uma rua por cima do túmulo do padroeiro nacional, a fim de garantir que ele fosse esquecido definitivamente.

No século XIX, Leão Papin-Dupont (1797-1876), aristocrata francês conhecido como “o santo homem de Tours”, promoveu na França cruzadas de reparação pelas blasfêmias.

Entre elas figura a construção da atual basílica que guarda o túmulo de São Martinho de Tours.

A tradição oral dos habitantes de Tours e dos devotos do grande santo sempre afirmou que no braço da grande estátua que abençoa a França do alto da cúpula da basílica havia guardadas relíquias de São Martinho.

Porém, as tendências decadentes e dessacralizantes dos tempos modernos se aprazem em contestar ou fingir ignorar tudo o que diga respeito ao sobrenatural, aos santos, seus milagres e veneráveis relíquias.

O relicário com o selo episcopal que garante a autenticidade
O relicário com o selo episcopal que garante a autenticidade
Essa tendência, presente em certo clero e fiéis modernizados, também dizia não saber nada do que todos sabiam sobre as relíquias do santo.

Agora a confusão acabou sendo dissipada ao se confirmar que a tradição oral tinha razão: os ossos estavam ali espargindo sua bênção sobre o mundo.

Na segunda-feira, 17 de fevereiro deste ano (2014), um impressionante dispositivo de guindastes foi instalado em volta da basílica para descer a grande estátua.

A obra visava restaurar seu pedestal, que precisava de manutenção e reparos.

Na ocasião, aconteceu o gaudioso achado: os ossos do primeiro bispo de Tours estavam ali.

Após a descida da estátua de bronze – de quatro metros de altura e de mais de duas toneladas de peso –, os funcionários da Prefeitura descobriram uma caixa de madeira no seu braço direito, o mesmo que abençoa.

Dentro dessa caixa havia ainda outra, feita de chumbo e fechada com um selo de cera vermelha e o sigilo de um bispo que autentificava a relíquia.

A imagem removida para restauração. O braço direito continha as relíquias
A imagem removida para restauração.
O braço direito continha as relíquias
Tendo sido aberto, encontrou-se um fragmento de osso. A multidão acompanhou os trabalhos que duraram algumas horas, e não ocultou sua emoção, segundo informou France Info.

A relíquia de São Martinho encontrava-se entre flores – obviamente já secas – e vinha acompanhada de mais três relicários com ossos de três outros bispos santos de Tours: São Gregório, São Brice e São Perpétuo, sucessores do Santo.

A autenticidade das relíquias foi confirmada por Jean-Luc Porhel, conservador-chefe do patrimônio histórico de Tours.

Após as obras de restauração da cúpula e do pedestal, a estátua de bronze com suas relíquias será reposta em seu lugar em 2016.

Nesse ano haverá um jubileu do grande Santo “Pai da Gália” e da França por ocasião dos 1.700 anos de seu nascimento.


terça-feira, 11 de março de 2014

Reconhecidos os ossos do “Pai da Europa”: Carlos Magno

Carlos Magno: busto relicário em Aachen, Alemanha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Cientistas alemães anunciaram que, após quase 26 anos de pesquisa, os ossos contidos há séculos em preciosas urnas e relicários da catedral de Aachen, podem ser tidos com grande certeza como os próprios de Carlos Magno, informou The Local, jornal com noticias em inglês editado na Alemanha.

Os estudos científicos e suas conclusões foram apresentados no dia 28 de janeiro de 2014, 1.200º aniversário da morte do grande imperador.

Os cientistas contabilizaram 94 ossos e fragmentos nos relicários do Rei dos Francos, coroado Imperador do Sacro Império Romano Alemão pelo Papa São Leão III.

Carlos Magno tem direito a culto como bem-aventurado em numerosas dioceses da França, Alemanha e Bélgica, com Missa especial e orações próprias.

Imagens do Beato Carlos Magno são cultuadas em igrejas e catedrais dessas dioceses.

O busto relicário contém parte da calota craniana de Carlos Magno
Em 1988, a equipe abriu o sarcófago principal exposto ao culto na Catedral de Aachen.

Porém, os cientistas agiram em segredo, pois se trata de um personagem altamente polêmico, com furiosos inimigos anticristãos. Os resultados do estudo só agora se tornaram públicos.

O professor Frank Rühli, chefe do Centro de Medicina Evolutiva da Universidade de Zurique, Suíça, um dos cientistas responsáveis pelo trabalho, declarou:

“Em virtude dos resultados obtidos desde 1988 até o presente, podemos dizer com grande probabilidade que se trata do esqueleto de Carlos Magno”.

Estudando as dimensões dos restos, os cientistas puderam construir a imagem do homem enterrado em Aachen. Essa imagem bate de modo impressionante com as descrições dos cronistas que conheceram o imperador no fim de sua longa vida.

O prof. Frank Rühli, chefe do Centro de Medicina Evolutiva da Universidade de Zurich,
e colegas analisam a tíbia esquerda de Carlos Magno
Segundo os especialistas, os ossos pertencem a um homem alto, magro e idoso.

Sua altura seria de 1,84 metros (seis pés), o que quer dizer que ele era inusualmente elevado para sua época.

A equipe calculou que pesava 78 quilos, dando a ele um corpo esbelto e um índice de massa corpórea por volta de 23.

Esta figura corresponde ao relato do biógrafo francês e contemporâneo do imperador, frei Eginhard (770-840).

O frade relata que Carlos Magno mancava no fim da vida e os cientistas encontraram nas rótulas dos dois joelhos e num calcanhar sinais de feridas que causariam essa manqueira.

Não foi possível verificar se o Imperador morreu de pneumonia, como alguns supunham, pois não foi identificado nenhum sinal nesse sentido.

As análises cientificas correspondem à descrição do imperador no fim de sua vida
A maior parte dos ossos estava no requintado féretro venerado na catedral imperial de Aachen (Aquisgrão em português e Aix-la-Chapelle em francês), na Alemanha.

Algumas partes da calota craniana se encontravam no famosíssimo busto-relicário, também conservado em Aachen.

Supõe-se que a ausência de alguns ossos se deve ao fato de que foram doados a outras catedrais e igrejas para receberem culto oficial católico.

O Beato Carlos Magno reinou como Rei dos Francos desde o ano 768 sobre territórios que hoje fazem parte da França, da Alemanha e da Itália.

Coroado imperador pelo Papa São Leão III no Natal do ano 800, ele estendeu o domínio imperial da Cruz até a Espanha, no oeste, e até as fronteiras da Alemanha no sul e no leste.

Sua obra civilizadora e ordenadora do caos medieval lhe valeu o reconhecimento universal de “Pai da Europa”. De fato, foi ele quem voltou a reunir o continente e organizar os povos após o desfazimento do Império Romano, relembrou o jornal britânico “The Mail online”.

Urna que contém a maioria das relíquias de Carlos Magno, na catedral de Aachen, Alemanha.

Todos os ossos foram estudados e catalogados,
e correspondem à mesma pessoa
A era de seu reinado fiou conhecida como Renascimento Carolíngio porque foi um período de atividade cultural e intelectual até então inigualado. Ele tirou a Europa do caos e promoveu a Igreja Católica até a alta dignidade que lhe é devida na ordem espiritual e restaurou sua influência proporcionada na ordem temporal.

As monarquias francesas e alemãs sempre se consideraram herdeiras do império de Carlos Magno.

E até a atual União Europeia, instituição democrática, confere como máxima distinção a comenda de Carlos Magno.

Embora não soubesse ler, falava correntemente o franco, o teutônico, o latim e o grego. Ele ordenou o ensino gratuito fundamental em todo o império.

Carlos Magno deixou imensa fama como guerreiro a serviço do cristianismo.

Empreendeu sua primeira campanha militar aos 27 anos, para auxiliar os Papas ameaçados pela tribo dos longobardos. Ele os derrotou e eles acabaram se convertendo à religião verdadeira.

Desde Aachen, que foi sua capital, ele empreendeu 53 campanhas militares destinadas à expansão da Fé e a manutenção da ordem do Sacro Império.

Carlos Magno defendeu a Europa cristã das invasões dos muçulmanos no sul do continente e dos saxões pagãos no leste, até falecer com 72 anos, uma idade excepcional na Idade Média.

A tarefa científica não foi fácil, pois o corpo do venerado imperador foi objeto de diversas mudanças de local, esclareceu “Discovery News”.

Ele foi enterrado numa cripta sentado em seu trono. No ano 1000 o imperador Otto III mandou abrir o local e, segundo as crônicas contemporâneas, ficou impressionadíssimo à vista de Carlos Magno entronizado, portando a coroa de ouro, segurando o cetro imperial com as mãos revestidas de luvas rituais.

“Ele não tinha perdido nenhum de seus membros, salvo uma parte do nariz. O imperador Otto substituiu a parte faltante com uma peça de ouro, levou consigo um dente de Carlos como relíquia e mandou lacrar a entrada da câmara”, segundo a Crônica de Novalesia, escrita por volta de 1026.

Trono de Carlos Magno, teria sido feito com pedras do palácio de Pilatos,
ou da igeja do Santo Sepulcro.
Em 1165, Frederico I Barbarossa reabriu a câmara, exibiu os restos como relíquias e mandou enterrar Carlos num sarcófago de mármore no chão de catedral.

Meio século depois, o imperador Frederico II depositou os restos numa urna de ouro e prata.

Em 1349, alguns ossos foram retirados pelo imperador Carlos IV para serem cultuados como relíquias. O imperador de tantas guerras não conheceu a paz nem no sepulcro.

Ele voltou a ser desenterrado em 1861 com objetivos de pesquisa científica. E o mesmo aconteceu agora.

Análises com raios X e scanners especializados confirmaram que ele mereceu também o nome de Magno (Grande), pois media 1,84 metros (6 pés) de altura.

“Ele devia ser como uma torre que se destacava sobre o 98% das pessoas de seu tempo”, observou o professor Rühli.

Rühli e seu colega australiano Maciej Henneberg, professor Anatomia e Patologia da Universidade de Adelaide, constataram que ele deve ter sido esbelto. Nenhuma doença séria foi identificada em seus ossos.

Estão previstos também exames de DNA que, entretanto, não se espera venham a introduzir modificações relevantes no quadro já cuidadosamente elaborado durante mais de um quarto de século, segundo “Scientific American”.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Arqueólogos revelam perseverança heroica dos católicos japoneses perseguidos durante séculos

Mapa do sitio do castelo de Hara, pintura japonesa. Anônimo siglo XVII
Mapa do sitio do castelo de Hara, pintura japonesa. Anônimo siglo XVII
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



continuação do post anterior: Descobertas capelas dos católicos japoneses perseguidos durante séculos



A resistência de Shimabara

A resistência de Shimabara teve episódios épicos em que sucessivos exércitos pagões foram derrotados com imensas perdas, sendo que os católicos sofreram muito pouco.

Impotentes, os pagãos pediram auxilio aos holandeses protestantes que primeiro forneceram pólvora e canhões.

O chefe holandês Nicolaes Couckebacker se engajou pessoalmente na batalha.

Bala de canhão holandês protestante
Bala de canhão holandês protestante
Ele montou os canhões num barco de guerra e na costa.

Estas armas dispararam cerca de 426 projéteis em 15 dias, sem grande resultado, e dois vigias holandeses foram baleados pelos católicos resitentes.

Parte das mais de 400 balas desenterradas pelos arqueólogos podem ser vistas também no Museu de Shimabara.

Os mesmos peritos encontraram 16 cruzes de metal no castelo, provavelmente feitas a partir da fundição dos projéteis.

Afinal os holandeses se retiraram e receberam uma mensagem dos católicos resistentes:

“Não existem soldados mais corajosos no reino para combater conosco, e não estão envergonhados de terem chamado ajuda de estrangeiros contra o nosso pequeno contingente?” (Doeff, Hendrik (2003). Recollections of Japan. Translated and Annotated by Annick M. Doeff. (Victoria, B.C.: Trafford).

Por fim, o Shogun (chefe militar do império) concentrou um exército de 125.000 homens que arrendeu a fortaleza pela fome e falta de munição.

37 000 católicos e simpatizantes foram presos e martirizados logo a seguir. A perseguição se estendeu a todo o império.

Cruz feita com o bronze das balas holandesas
Cruz feita com o bronze das balas holandesas
Em Nagasaki, padres eram mortos em público e queimados vivos. Aproximadamente 80% dos cristãos da cidade foram executados e os outros foram presos ou escravizados.

Prêmios em dinheiro eram oferecidos aos que denunciassem os religiosos clandestinos.

Os portugueses foram expulsos do Japão, e os protestantes foram premiados.

Até hoje, em datas festivas, as perseguições aos cristãos são lembradas. Na semana do Festival Okunchi, celebrado entre os dias 7 e 9 de outubro em Nagasaki, os moradores da cidade abrem a porta de suas casas e exibem seus pertences no jardim.

Trata-se de um costume do século XVII, quando eles eram obrigados a mostrar tudo o que possuíam para provar que não eram católicos.

“Vosso coração é semelhante ao nosso”

Nossa Senhora com a Cruz no peito e dois anjos
Nossa Senhora com a Cruz no peito e dois anjos
São Francisco Xavier S.J. aportou no Japão em 1549, iniciando a pregação da religião católica.

Sua obra foi continuada com grande sucesso por muitos outros missionários.

Sessenta anos depois, o Shogun, chefe militar do país, desencadeou uma perseguição contra a jovem Igreja.

Essa rivalizou em furor e crueldade com a do imperador Diocleciano no tempo das catacumbas romanas.

As histórias dos mártires japoneses evocam as dos santos dos primeiros séculos no Império Romano.

Muitos, inclusive mulheres e crianças, foram assassinados com inaudita crueldade.

Porém, os que sobreviveram na clandestinidade mantiveram a fé e a transmitiram a seus filhos durante dois séculos.

Na Sexta Feira santa de 1865, dez mil “kakure kirisitan”, ou cristãos ocultos, saíram dos povoados e apresentaram-se em Nagasaki aos missionários.

Estes ficaram de início muito surpresos, pois havia pouco que tinham conseguido ingressar novamente no Japão e mal suspeitavam essa épica história de fidelidade.

Vendo chegar missionários do Ocidente, alguns desses “católicos ocultos” foram à missão e os interrogaram perguntando se eles acreditavam eles no Papa, na Sagrada Eucaristia e em Nossa Senhora.

Ouvindo a resposta positiva, responderam: “Então vosso coração é semelhante ao nosso”.

Mártires de Nagasaki, quadro em Cusco, Peru
Mártires de Nagasaki, quadro em Cusco, Peru.
Esses católicos obedeciam ao conselho dos últimos missionários: só confiarem nos missionários que professassem essas três verdades- chaves da verdadeira religião.

Nagasaki voltou a ser a cidade com mais forte presença católica no Japão. Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, dois de cada três católicos japoneses viviam nela.

Em 1945, esses católicos sofreram um novo e terrível extermínio pela bomba atômica que foi jogada na cidade.

O exemplo dos “católicos ocultos” japoneses é especialmente estimulante, sobretudo quando se pensa na enxurrada de progressismo e de teologias subversivas que tentam extinguir a fé dos católicos autênticos.

Exemplo do tesouro documental achado no Vaticano
O achado no Vaticano

Uma outra descoberta relativa à gesta dos “católicos ocultos” aconteceu no Vaticano em 2011.

Trata-se de uma coleção de por volta de 10.000 documentos oficiais, escritos na sua maioria, da época da perseguição religiosa ou período “Edo” (1603-1867).

Eles foram coletados pelo missionário italiano Pe. Mario Marega († 1978) que viveu longos anos no Japão e reuniu pacientemente esse formidável acervo documentário.

O Professor Kazuo Otomo do Instituto Nacional de Literatura Japonesa está agora restaurando e analisando esse tesouro histórico.

Monumento a Dom Justo Takayama Ukon.  Este poderoso senhor feudal (daimo) é lembrado como grande promotor e protetor  do catolicismo. Considerada sua alta posição na nobreza e no governo do Império, foi exilado junto com centenas de católicos que protegia.  Morreu 40 dias após chegar em Manila, Filipinas.  Está em andamento seu processo de canonização.  Foto de monumento na Praça Dilao, em Manila
Monumento ao Beato Justo Takayama Ukon.
Este poderoso senhor feudal (daimo) é lembrado como grande promotor e protetor
do catolicismo. Considerada sua alta posição na nobreza e no governo do Império,
foi exilado junto com centenas de católicos que protegia.
Morreu 40 dias após chegar em Manila, Filipinas.

Foto de monumento na Praça Dilao, em Manila
Os documentos são em sua maioria relatórios do controle da religião dos habitantes das regiões católicas.

“Este volume inusualmente grande de relatórios oficiais mostra devassas policiais e privações da liberdade religiosa”, diz o Prof. Otomo.

Os escritos permitirão estudar com minúcia essa perseguição, acrescentou.

Malgrado a brutalidade das leis, o catolicismo sobreviveu especialmente em certas partes da ilha de Kyushu, a terceira maior ilha do arquipélago japonês, ou em ilhas mais remotas, onde ainda há continuadores católicos da pregação de São Francisco Xavier.

O Pe. Marega coletou esses documentos quando morava na ilha de Kyushu antes e depois da II Guerra Mundial.

No material também há relatórios oficiais da prefeitura de Oita, onde estão as grutas de que falamos no início destes posts.

Os escritos mostram uma rotina de espionagem da adesão religiosa dos cidadãos residentes, registros de conversões religiosas, policiamento da vida dos parentes de cristãos ou ex-cristãos, e os métodos dos agentes do governo para obrigar os católicos a acalcarem imagem de Jesus e Maria para provarem que não eram católicos.

“Este é o tipo de achado que faz a gente cair de joelhos” disse Rumiko Kataoka, especialista em Histórica Cristã Japonesa na Universidade Católica Junshin de Nagasaki.

“Detalhados documentos oficiais jogam luz sobre a maneira que os católicos mantinham sua fé”, na região, acrescentou ela.

O samurai Hasekura Tsunenaga, chefe da primeira missão diplomática japonesa na Europa.  Seu galeão era o 'São João Batista'. O embaixador foi batizado na capela pessoal  do rei da Espanha em Madri, em 1615. Morreu exortando todos à fidelidade ao catolicismo.  Seus descendentes e servos foram martirizados.
O samurai Hasekura Tsunenaga, chefe da primeira missão diplomática japonesa na Europa.
Seu galeão era o 'São João Batista'. O embaixador foi batizado na capela pessoal
do rei da Espanha em Madri, em 1615. Morreu exortando todos à fidelidade ao catolicismo.
Seus descendentes e servos foram martirizados.
Historiadores de Oita cooperarão com o projeto Marega cruzando as informações com as que eles coletaram no local, disse Akihiro Sato, chefe do Arquivo Histórico dos Sábios Antigos da Prefeitura de Oita.

Otomo disse que três dos 21 pacotes de documentos já foram abertos e estão a disposição dos pesquisadores que poderão investigar também nos outros pacotes.

“Este é um estudo que mostra o relacionamento entre um estado [pagão] e uma religião [a católica]. Há muitas questões hodiernas que estão envolvidas nisso, para serem estudadas”, acrescentou o Prof. Otomo.

A equipe do Prof. Otomo planeja publicar online todo o material.


O embaixador Hasekura Tsunenaga se ajoelha diante do Papa. Pintura japonesa anônima, século XVII
O embaixador Hasekura Tsunenaga se ajoelha diante do Papa. Pintura japonesa anônima, século XVII