segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estaríamos sós no Universo Sideral - III

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs












Júpiter, como pára-raios, protege a Terra dos impactos siderais

“Outro fator que claramente está envolvido no surgimento e na manutenção de formas de vida superiores na Terra é a raridade relativa de impactos de asteróides e cometas. ....

“O que controla este baixo índice de impactos? A quantidade de material deixado num sistema planetário após sua formação pode influenciar nesse índice: quanto mais cometas e asteróides há entre as órbitas dos planetas, maior é o número de impactos e há mais chance de extinções maciças devido a eles.

“Mas não só isto. Os tipos de planetas num sistema podem também afetar o número de impactos, e assim desempenhar um papel inapreciável na evolução e manutenção dos animais. No caso da Terra, há sinais de que o gigante planeta Júpiter atua como um ‘para-raios de cometas e asteroides’. ....

“Assim ele reduziu a frequência de extinções maciças, e talvez seja esta uma razão especial de por que foi possível surgir e manter-se em nosso planeta formas superiores de vida. Qual a frequência de planetas do tamanho de Júpiter?” (p. XXII).

Tamanho grande da Lua: condições para as quatro estações

Há outras características especiais no nosso sistema solar: “a Terra é o único planeta (excetuado Plutão) com uma lua de tamanho considerável quando comparada com o planeta que ela orbita” (p. XXII).

Com efeito, o nosso satélite exerce uma influência crucial na estabilização da inclinação da Terra, mantendo-a num ângulo que permite a existência das quatro estações.

Como se sabe, a Terra possui uma inclinação de aproximadamente 23 graus. Essa inclinação é conhecida como “obliqüidade”, e tem permanecido praticamente constante graças ao fato de nossa Lua ser grande, impedindo variações maiores na inclinação da Terra devido à força da gravidade dela.

Para ilustrar a importância desse fato, os autores observam:

“O planeta Mercúrio fornece um exemplo espetacular do que pode ocorrer num planeta cujo eixo é quase perpendicular ao plano de sua órbita. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, e a maior parte de sua superfície é infernalmente quente.

“Mas imagens de radar da Terra mostraram que os polos do planeta são cobertos com gelo.

“O planeta está muito próximo do Sol, mas visto dos pólos, o Sol está sempre no horizonte.

“Contrastando com Mercúrio, que não tem inclinação, o planeta Urano possui uma inclinação de 90 graus, e um dos polos está exposto por meio ano [ano de Urano = 84,01 anos da Terra] de luz solar, enquanto que o outro lado experimenta uma temperatura baixíssima” (pp. 223- 224).

Localização periférica na galáxia possibilita a vida na Terra

“Talvez até a localização de um planeta numa região particular de uma galáxia desempenhe um importante papel.

“No centro das galáxias, cheio de estrelas, a frequência de supernovas* e a proximidade entre as estrelas podem ser muito elevadas, a ponto de não permitir as condições estáveis e longas que são aparentemente requeridas para o desenvolvimento da vida animal.

“As regiões mais afastadas das galáxias podem ter uma baixa percentagem de elementos pesados necessários para a construção de planetas montanhosos e de combustível radioativo para aquecer o interior dos planetas. ....

“Até a massa de uma galáxia em particular pode afetar as chances do desenvolvimento de vidas complexas, uma vez que o tamanho da galáxia é correlato com seu conteúdo de metais.

“Algumas galáxias, então, podem ser muito mais favoráveis do que outras ao surgimento da vida e sua evolução. Nossa estrela e nosso sistema solar são anômalos, pelo alto conteúdo de metais. É possível que nossa própria galáxia seja incomum” (p. XXIII).

Centro geométrico do Universo ou centralidade do homem?

Os autores de Sós no Universo comentam: “Desde que o astrônomo Nicolau Copérnico tirou-a do centro do Universo e a pôs numa órbita em torno do Sol, a Terra tem sido periodicamente trivializada.

“Saímos do centro do Universo para um planeta pequeno, orbitando uma pequena e indistinta estrela numa região secundária da galáxia Via Láctea — uma visualização formalizada pelo assim chamado Princípio da Mediocridade, que sustenta não sermos um planeta único com vida, mas um entre muitos. As estimativas para o número de outras civilizações inteligentes variam de nenhuma a 10 trilhões” (pp. XXIII, XXIV).

A “trivialização” da Terra tem como efeito, na cabeça de muitos, a diminuição da importância do próprio homem, que não deveria mais ver-se como um ser todo especial no Universo.

Pelo contrário, ele deveria ter a humildade de reconhecer que não está no centro de todas as coisas, como pensava. Assim, desbancada a Terra do centro do sistema solar, cairia a tese correlata da centralidade do homem no Universo.

Trata-se, porém, de um engano: as duas teses não são correlatas!

Quando se pensava que a Terra estava no centro do cosmos, era fácil associar essa centralidade de nosso planeta com a centralidade da posição do homem.

Mas, de fato, a centralidade do homem na obra da Criação resulta de muitas outras considerações de toda ordem, que nada têm a ver com a posição da Terra no Universo.

A grandeza do homem como único ser, sobre a face da Terra, dotado de inteligência racional e de vontade, resulta da observação mais comezinha de tudo quanto nos cerca, e sempre foi evidente para todos os povos.

Por isso, o mandado divino a nossos primeiros pais — “Crescei e multiplicai-vos, e enchei a Terra, e sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra” (Gen. 1, 28) — foi seguido com naturalidade por todos os povos, em todos os tempos.

Acontece que a Ciência também dá cambalhotas — e quantas! —, e eis que agora vêm esses dois cientistas, cujo livro estamos comentando, advertir-nos de que, se é verdade que a Terra não está no centro do Universo, há uma quantidade muito grande de fatos, aceitos pela Ciência, que acenam ser ela um planeta absolutamente incomum, possivelmente o único a oferecer condições para a vida humana.

Tudo se passaria, pois, como se Deus tivesse projetado um planeta único para possibilitar a existência do homem.

E, neste caso, a Terra, em certo sentido, voltaria a ocupar o centro do Universo, e o homem retomaria sua centralidade na obra da Criação, da qual procuraram desbancá-lo quatro séculos de ciência atéia.

É o que dizem os professores Ward e Brownlee em seu livro:  

“Se for considerada correta, entretanto, a hipótese de Sós no Universo , reverteremos essa tendência de descentralização. O que dizer se a Terra, com sua carga de animais adiantados, for virtualmente única neste quadrante da galáxia — o planeta mais diverso num perímetro, digamos, de 10.000 anos-luz?


“O que dizer se ela for extremamente única — o único planeta com vida animal nesta galáxia e até no Universo visível, um bastião de animais num mar de mundos infestados de micróbios?” (p. XXIV).


(Autor: Rosário A. F. Mansur Guérios, “Catolicismo”, junho de 2001)


Continua no próximo post: Estaríamos sós no Universo Sideral - IV. Novos rumos na Ciência indicam: haveria vida inteligente apenas na Terra

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