segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Desenterrado o pórtico de acesso à cidade de Golias

O pequeno pastor Davi enfrenta o gigante Golias, século XII. Museu des Beaux-Arts de Cambrai, França.
O pequeno pastor Davi enfrenta o gigante Golias, século XII.
Museu des Beaux-Arts de Cambrai, França.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Gate, ou Get, a cidade de Golias, foi uma das maiores metrópoles da Filisteia, região contígua a Israel, hoje parte da faixa de Gaza.

Gate estava ocupada desde o século IX antes de Cristo. O Antigo Testamento também se refere a ela, só que com o nome de Golias.

O mesmo nome do gigante nela nascido e que o jovem Davi, futuro rei de Israel, derrubou com sua funda e em seguida degolou com a espada.

Os filisteus eram inimigos de morte dos israelitas e sua inimizade como que revive no atual conflito de Gaza. A História se repete e é mestra da vida.

Os egípcios foram os primeiros a falar dos filisteus, incluindo-os entre os “povos do mar”, levas de imigrantes que atravessaram o Mediterrâneo e desembarcaram no atual Egito.

Também aqui a História se repete.

Pentápolis Filisteia no ano 830 a.C.
Pentápolis Filisteia no ano 830 a.C.
Por fim, o faraó Ramsés III os derrotou e eles foram procurar terras costeiras perto de Israel, onde fundaram cinco cidades: Asdode, Ascalon, Ecrom, Gaza e, a maior delas, Gate [= Get]. As cinco formaram a Pentápolis Filisteia.

Os filisteus eram mestres na metalurgia, fato que conferia aos seus soldados uma grande superioridade.

Mas adoravam deuses perversos, entre eles Baal, mencionado na Bíblia como sinônimo do demônio e de cujo nome deriva Belzebu.

Baal era representado e cultuado como um deus cruel, com raios na mão pronto a fulminar e que exige sacrifícios humanos, sádicos ou obscenos.

Crianças de ambos os sexos eram queimadas em sacrifícios imoralíssimos, durante os quais os sacerdotes se feriam com facas e punhais, em ritos sadomasoquistas.

A ‘cultura da morte’ da época...
O deus-demônio Baal acostumava ser representado ameaçando com raios na mão.
O deus-demônio Baal acostumava ser representado
ameaçando com raios na mão.

Outros deuses eram Astarte – deusa da impureza e do erotismo, invocada pelo satanismo até nossos dias – e Dagon, metade homem, metade peixe, de significado fálico, cujo templo em Gaza foi destruído por Sansão.

Em 587 a.C. o rei caldeu Nabucodonosor – que conquistou Jerusalém e levou seus habitantes escravos para Babilônia – fez o mesmo com as cidades filisteias de Asdode, Ascalon e Ecrom (Gate já havia sido destruída 200 anos antes).

Os filisteus desapareceram da História. Ainda não se sabe como nem por que. 

Acreditam alguns que teriam se dissolvido e misturado culturalmente com os caldeus durante a sua estadia na Babilônia.

Nada restou da Filistéia, país dominado por falsos ídolos e governado por líderes do mal.

Aquele reinado prefigurou, sob muitos aspectos, o mundo moderno anticristão, ao qual talvez esteja reservada sorte semelhante.

Arqueólogos chefiados pelo professor Aren Maeir, da Universidade Bar-Ilan de Israel, julgam ter achado os fundamentos da impressionante urbe filistéia de Gate, de onde saiu Golias.

“Sabíamos que entre os séculos X e IX a.C. a cidade filistéia de Gate era uma grande aglomeração, talvez a maior da região naquela época. As monumentais fortificações sublinham quão ampla e poderosa foi a cidade”, disse Maeir ao site Live Science.

Os arqueólogos israelenses desenterraram um pórtico em Tell es-Safi (ex-Gate), utilizado durante 5.000 anos até 1948, quando uma aldeia árabe existente no local foi abandonada, disse Maeir.

Gate: um altar desenterrado e o chefe da expedição prof. Aren Maeir.
Gate: um altar desenterrado e o chefe da expedição prof. Aren Maeir.
Os arqueólogos escavavam o local desde 1899, mas só nas últimas décadas se deram conta da importância dos restos da Idade do Ferro ali encerrada.

As características da cidade que está sendo exumada coincidem com as narrações bíblicas acerca da histórica Gate da época dos reinos de Judá e Israel.

A equipe localizou a parte superior de uma porta monumental e das fortificações.

Mas elas são tão gigantescas que levará vários anos para desenterrá-las por completo, disse Maeir.

O topo, agora visível, dessas estruturas já permite conjecturar sua dimensão total. Uma fortificação tão poderosa provavelmente visava desanimar o Reino de Judá de qualquer empresa de expansão.

Perto da Porta Monumental foram encontrados, além dos objetos de ferro, um templo filisteu e peças de cerâmica típicas de seu culto, nas quais se pode notar a influência da cultura judaica.

Estátua do profeta Santo Elias no Monte Carmelo,
onde degolou 750 sacerdotes e profetas de Baal.
De fato, nos períodos de diminuição da fé, o culto de Baal penetrou entre os judeus decadentes.

Por obra da rainha Jezabel, esposa do rei Acab (entre 874 e 853 a.C.), o deus símbolo do demônio chegou a ser cultuado no Templo de Jerusalém.

Jezabel era fenícia de nascimento. Seu nome significa “Baal é marido de”.

Ela impôs o culto de Baal e de Astarte e  perseguiu os adoradores do verdadeiro Deus.

Contra a idolatria e a profanação, “como uma chama do fogo sagrado de indignação” levantou-se o Profeta Elias, cujo nome significa “o Senhor é Deus!”.

 Após vencer 700 cruéis sacerdotes de Baal em um duelo durante o qual fez descer fogo do céu sobre o altar do sacrifício no Monte Carmelo, Elias os degolou.

Jehu, seu seguidor, jogou Jezabel pela janela e seu corpo foi disputado pelos cachorros da rua, como Elias profetizara. (II Reis 9, 10)

Porém, a notícia da descoberta dos restos de Gate nos remete para o combate bíblico de David contra Golias.

Sobre o combate de Davi contra Golias, veja mais em: “Indícios arqueológicos e testes científicos da luta de Davi contra Golias”

Gate, no local: esquema do sítio arqueológico.
Gate, no local: esquema do sítio arqueológico.
Os arqueólogos acham que realmente descobriram a cidade natal do gigante do mal em Israel, segundo o Daily Telegraph, de Londres.

A expedição da Universidade de Bar-Ilan, conduzida pelo professor Aren Maeir, localizou os restos perdidos de Gate em escavações numa área dividida pelo conflito entre Palestina e Israel.

Segundo o Antigo Testamento, Gate foi uma das cinco cidades que formavam a Pentápolis filisteia na Terra Santa, de onde veio Golias (I Samuel 17, 4).

Para Louise Hitchcock, professora assistente da Universidade de Melbourne, Austrália, a descoberta do Pórtico de Entrada da cidade bíblica foi um dos maiores achados já feitos por um investigador.

Acredita-se que esse pórtico corresponde à descrição das portas mencionadas no I Livro de Samuel, cap. 21:

Davi fugindo da cólera de Saúl, recebe do sacerdote Aquimelec
a espada de Golias que o próprio Davi tinha ganho (ver I Samuel 21,9).
Arent de Gelder (1645 - 1727).
10. Levantou-se Davi e prosseguiu sua fuga diante de Saul, indo para junto de Aquis, rei de Get [=Gate].

11. Os servos de Aquis disseram ao rei: Não é este Davi, o rei da terra? Aquele de quem cantavam em coro: Saul matou seus milhares, mas Davi seus dez milhares?

12. Davi, impressionado com essas palavras, teve medo de Aquis, rei de Get [=Gate].

13. Simulou loucura diante deles, comportando-se como demente: tamborilava nos batentes da porta e deixava correr saliva pela barba.

A professora Hitchcock acrescentou que fez uma série de outras descobertas que convergem com essa teoria. Inclusive uma inscrição do nome Golias, de templos filisteus, altares e objetos rituais.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Coliseu restaura elevador que alçava as feras
para devorar os mártires

Os sinistros elevadores do Coliseu consumiam a força de oito escravos. Eis um restaurado.
Os sinistros elevadores do Coliseu consumiam a força de oito escravos. Eis um restaurado.




O famoso Coliseu de Roma, cujas ruínas relativamente conservadas são visitadas por milhões de turistas todos os anos, foi em seu esplendor um estádio de espetáculos cruéis.

Sobressai na memória dos homens a lembrança gloriosa dos mártires cristãos que eram levados à arena sob o olhar lúbrico e sádico dos imperadores e de uma massa de pagãos ávidos de sangue.

Naquele momento supremo lhes era proposta a péssima opção: ou recusavam a Jesus Cristo queimando incenso aos deuses e salvando assim suas vidas, ou seriam entregues às feras.

Essas feras eram de diversas espécies, cada uma conhecida pelo seu modo de matar e devorar as vítimas.

Outras vezes era a luta de gladiadores contra animais ferozes, espetáculo especialmente sanguinário.

E por fim as lutas entre gladiadores, que terminavam não raro com a morte.

Calcula-se que em poucos séculos foram empregadas algumas dezenas de milhares de animais selvagens nesses espetáculos perversos.

Chegou-se a falar que a arena do Coliseu estava tingida pelo sangue de mártires, gladiadores e animais.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Amazônia: estonteante dependência do Saara criada por Deus

Poeira fertilizante do Saara todo ano passa por cima do Atlântico e sustenta a vida na Amazônia e no Caribe
Poeira fertilizante do Saara todo ano passa por cima do Atlântico e sustenta a vida na Amazônia e no Caribe



A Amazônia é a maior floresta tropical úmida da Terra. E o Saara é o maior e mais quente deserto do mundo.

Na aparência, nada de mais diverso e sem relação um com outro. Uma imensa selva verde úmida no coração da América do Sul, e um infindável areal, composto de poeira e pedra, onde sopram ventos ardentes no norte da África.

Porém, se, por ventura, os dois estivessem vitalmente unidos? Se o mais pleno de vida dependesse do mais morto para sobreviver, quem ou o quê poderia ter criado essa inter-relação?

Por certo, uma interdependência tão profunda foge à imaginação do homem e a qualquer instrumentalização ou fabrico também humano.

Também fugiria às regras da teoria da evolução de Darwin, segundo o qual tudo o que há procede de uma realidade pré-existente, e essa de outra, por uma série intérmina e jamais demonstrada de mutações atribuíveis ao azar e à necessidade.

Há, porém, um fenômeno que envolve ventos e minérios sem vida e que sustenta a vida vegetal e animal na maior floresta tropical úmida do planeta.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Davi, Salomão e seus reinados:
existências confirmadas arqueologicamente

Davi, marfim alemão do século XII. Cloisters Museum, NYC
Davi, marfim alemão do século XII. Cloisters Museum, NYC.



Com frequência ouve-se dizer que a Bíblia e os Evangelhos, seus acontecimentos e personagens são fruto da fantasia. Ou simples construções alegóricas ou mitológicas em que os antigos teriam condensado suas experiências.

Chega-se a dizer até que Nosso Senhor Jesus Cristo como é apresentado nos Evangelhos não existiu. Teria sido no máximo um homem cuja figura teria sido elaborada por comunidades populares de base oprimidas pelo imperialismo romano.

Segundo essa visualização, os livros sagrados não são obviamente sagrados, mas meras coletâneas de fábulas.

No entanto, tudo isso não passa de alegação antirreligiosa. Além do valor intrínseco do Antigo e do Novo Testamento, são inúmeros os dados históricos e científicos que falam em favor da fidelidade dos Livros Sagrados à História.

Em nosso blog estamos continuamente publicando as mais recentes descobertas que chegam até nós por meio de fontes científicas respeitáveis.

Mais recentemente, uma equipe de arqueólogos da Mississippi State University (MSU) trouxeram à luz um conjunto de seis selos de terracota encontrados numa pequena localidade de Israel, os quais provam a existência histórica dos reis Davi e Salomão.

Os achados desfazem as alegações – essas sim, quiméricas e sem fundamento – de que os dois reis não seriam senão figuras alegóricas, e que o reino deles não existiu, pelo menos no tempo e na região mencionados na Bíblia.

Sobre os dos reis profetas, lemos no Antigo Testamento:

segunda-feira, 9 de março de 2015

Trágico fim do Herodes que mandou matar os Santos Inocentes

Herodes ordena o massacre dos Santos Inocentes. Matteo di Giovanni, Galleria Nazionale di Capodimonte.
Herodes ordena o massacre dos Santos Inocentes.
Matteo di Giovanni, Galleria Nazionale di Capodimonte.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O rei Herodes, o Grande (73 a.C. aprox. — 4 d.C.), passou para a História como um das figuras mais relevantes da vida judaica na transição do Antigo para o Novo Testamento.

Deve-se a ele a restauração do Segundo Templo de Jerusalém e muitas obras arquitetônicas de grande fôlego em Israel.

Porém, ele foi responsável por crimes espantosos, entre os quais o massacre dos santos inocentes em Belém.

Por meio desse morticínio ele tentou matar o Menino Jesus, o Messias prometido, que os Reis Magos foram adorar, segundo o Evangelho de São Mateus (Mt 2,13-18).

13. um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.

14. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.

15. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).

Herodium: a entrada descoberta. Mas a localização do túmulo ainda é mistério.
Herodium: a entrada descoberta. Mas a localização do túmulo ainda é mistério.
16. Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.

17. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:

18. Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jer 31,15)!

Herodes construiu para si próprio um sofisticado túmulo com caracteres de fortaleza e condutos secretos ainda não plenamente revelados.

Ele era odiado pelos judeus pois além de crudelíssimo era gentío, quer dizer estrangeiro.

Mais precisamente pertencia ao povo dos idumeus ou edomitas, isto é, descendentes de Esaú, o homem símbolo dos maus, que haviam sido parcialmente judaizados.

Herodes temia que o povo se revoltasse contra ele quando estava ainda vivo, ou que destruísse sua última moradia depois de morto.

Escavado na pedra no alto de uma elevação cônica, o local é conhecido como Herodium, a 12 quilômetros de Jerusalém e a sudeste de Belém.

O acatado historiador Flávio Josefo (in Antiguidades Judaicas, 17.6.4) diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar.

Herodium: no alto de um morro cônico uma fortaleza-túmulo
Herodium: no alto de um morro cônico uma fortaleza-túmulo
Josefo descreveu a doença final de Herodes – às vezes chamada “Mal de Herodes” – que era insuportável.

Alguns peritos médicos hodiernos concluíram que o rei padecia de doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier.

Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranoia.

Sintomas similares ficaram registrados por ocasião da morte de seu neto Agripa I, em 44 a.C., de quem se relata que os vermes eram visíveis porque a putrefação atingiu-o em vida.

Segundo o historiador Josefo, Herodes o Grande estava obcecado pela probabilidade de ninguém lamentar sua morte.

Ele, então, convocou um grande grupo de homens ilustres em Jericó, e deu ordem pública de assassiná-los no momento da sua morte para patentear a dor que ele ansiava ver no povo pela sua perda.

Felizmente a ordem não foi cumprida.

Herodium: o acesso inconcluso ao túmulo secreto
Herodium: o acesso inconcluso ao túmulo secreto
Herodium sobreviveu nas mãos de seus descendentes, entre os quais Herodes Antipas (20 a.C. – depois de 39 d.C.), filho de Herodes o Grande.

Antipas martirizou a São João Batista e teve o deplorável desempenho na condenação de Nosso Senhor narrado nos Evangelhos.

Contudo, na última revolta contra os romanos, os judeus acabaram se atrincheirando em Herodium e os romanos o destruíram no ano 71 d.C.

Mas os restos de Herodes o Grande, ou seu sarcófago (tal vez destruído pelos próprios judeus), ainda não foram localizados.

Arqueólogos israelenses e estrangeiros não cessam hoje de investigar e escavar, fazendo descobertas na amaldiçoada montanha que foi comparada a um ameaçador artefato no deserto.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriu uma entrada monumental que devia conduzir ao topo do Herodium, informou o jornal britânico “The Telegraph”

O corredor de cerca de 20 metros de extensão e 6 metros de altura está formado por um complexo sistema de arcos em três níveis.

Três arqueólogos israelenses concluíram que Herodes o Grande – talvez temendo uma vingança popular pelo massacre das criancinhas de Belém – concebeu o corredor como parte da fortaleza que perpetuaria sua memória e ocultaria seu corpo após a morte.

Um como que monumento fúnebre real numa escala épica.

Os Santos inocentes junto com São João Evangelista. Igreja de San Tiago, Plaza de España
Os Santos inocentes junto com São João Evangelista.
Igreja de San Tiago, Plaza de España
As escavações apontaram que o corredor não chegou a ser concluído:

“Parece que a interrupção aconteceu quando Herodes percebeu que sua morte se aproximava e resolveu converter todo o topo do morro num complexo em sua memória”.

O corredor foi fechado e enchido de entulho durante os trabalhos da colina de Herodium.

Problemas políticos israelo-palestinos hoje dificultam os trabalhos no local

Mas os objetos recuperados estão em exposição e poderão voltar a ele, dependendo de futuras negociações.

Espanta pensar no fim de pesadelo desse rei, perseguido pela própria consciência, consumido pela doença somática e psíquica, rodeado pelo desprezo popular pelo fato de ter martirizado os Santos Inocentes. Uma prefigura de seu destino eterno.

Do outro lado, os Santos Inocentes reinam por todo o sempre no Céu junto a Jesus Cristo, que também nasceu em Belém, envolvidos de glória e gaudiosa bem-aventurança.

Por maiores que tenham sido os cuidados materiais de Herodes, o Grande, para preservar seu corpo perecível, nada disso lhe garantiu a felicidade eterna e tal vez a afastou para sempre.



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Achado o local do julgamento de Jesus. Onde ficava o pretório de Pilatos?

Neste complexo hoje soterrado poderia ter acontecido o julgamento de Jesus, segundo os arqueólogos  (Foto: Oded Antman, Ministério israelense de Turismo).
Neste complexo hoje soterrado poderia ter acontecido o julgamento de Jesus,
segundo os arqueólogos  (Foto: Oded Antman, Ministério israelense de Turismo).
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Há 15 anos começaram obras para expandir o museu da Torre de David, em Jerusalém.

A Torre de David é a cidadela defensiva da cidade de Jerusalém próxima da Porta de Jaffa, na parte antiga da cidade.

Apesar de seu nome, a atual Torre é de origem cruzada e otomana, de séculos bem posteriores, portanto.

Ela foi erigida sobre um acúmulo de restos de antigas fortificações das eras dos reis hasmóneos e herodianos, dos Cruzados e de árabes-maometanos. No período da ocupação turca e britânica, a Torre foi usada como prisão.

Todas essas fortificações foram construídas no local onde no tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo estava o Palácio de Herodes, o segundo maior prédio da cidade após o Templo.

No início da era cristã, os romanos haviam instalado suas autoridades em pelo menos uma parte do enorme palácio.

A Torre de David de construção cruzada e otomana posterior está sobre os fundamentos do Palácio de Herodes
A Torre de David de construção cruzada e otomana posterior
está sobre os fundamentos do Palácio de Herodes
Sabia-se que ali estava o pretório de Pilatos e as instalações onde se realizou o mais famoso e injusto julgamento da História: o do Divino Redentor.

A Torre de David hoje pode ser visitada. Mas se desconhece quase tudo do que há embaixo.

As obras de ampliação do museu levaram a fazer escavações que demoraram15 anos.

Elas deviam ser feitas cuidadosamente.

Cavando se poderia chegar às ruínas do Palácio onde aconteceu o transcendental julgamento de Jesus.

Muitos peregrinos hoje rezam o Via Crucis, ou Via Dolorosa, a partir do local onde se acredita que o cônsul romano Pôncio Pilatos presidiu o julgamento e ditou a injusta sentença.

O Via Crucis continua em sucessivos passos até o alto do Gólgota e o Santo Sepulcro.

No período bizantino a Via Dolorosa iniciava-se no local do atual museu. No século XIII partia da Fortaleza Antonia, antigo quartel romano.

Porém, religiosos, historiadores e arqueólogos discutiam o ponto exato, pois o Evangelho fala do “pretório” de Pilatos.

Plano de Jerusalém no tempo de Jesus. O palácio de Herodes aparece à esquerda junto à Porta de Jaffa. Mapa de uma enciclopédia de 1911
Plano de Jerusalém no tempo de Jesus.
O palácio de Herodes está à esquerda junto à Porta de Jaffa.
Mapa de uma enciclopédia de 1911
“Pretório” é um termo romano que poderia ser interpretado como tenda, acampamento, ou também uma instalação dentro de um prédio, no caso, o palácio do rei Herodes.

Os romanos construíram também residências imponentes para seus governadores.

Foi o caso do pretório de Colônia, Alemanha, que teve uma área construída de mais de 3 hectares.

Mas não foi esse o caso do pretório de Pilatos.

Para o arqueólogo Shimon Gibson, professor na Universidade de North Carolina em Charlotte, EUA, já não se duvida muito que o julgamento foi feito em algum local do complexo do palácio de Herodes, explicou reportagem do “The Washington Post”.

São João menciona um assoalho de pedra e a existência de ambientes diversos de onde Pilatos entrava e saía, detalhes que batem com o local hoje vasculhado.
“Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata”. (João; 19,13)

O arqueólogo Gibson diz: “obviamente não há uma inscrição dizendo que o julgamento aconteceu aqui.

“Mas os dados arqueológicos, históricos e os relatos evangélicos, todos conduzem até este local, e se encaixam uns nos outros”.

Segundo o “International Business Times”, a equipe de arqueólogos que tem o apoio do governo israelense, acha que foi encontrado verdadeiramente o local da condenação de Jesus.

Eles consideram que o julgamento deve ter acontecido naquela parte do Palácio de Herodes perto da Torre de David.

É o mesmo local apontado pelos arqueólogos mencionados pelo “The Washington Post”.

Modelo do Palácio de Herodes mostra a Primeira Muralha e,  da esquerda para a direita, suas três torres Fasael, Hípico e Mariane
Modelo do Palácio de Herodes mostra a Primeira Muralha e
suas três torres: Fasael, Hípico e Mariane (da esquerda para a direita)
Raspando cuidadosamente as camadas de ruínas e entulho da velha prisão otomana, os arqueólogos desvendaram restos de piscinas e fundamentos de muros.

Também apareceu um sistema de escoamento das águas que pode ter pertencido ao palácio do lascivo Herodes, o Grande.

Junto com essas descobertas, no mês de dezembro os arqueólogos confirmaram a descoberta de um grande túnel que devia ir até Herodium, uma fortaleza construída pelo mesmo rei 12 quilômetros ao sul de Jerusalém.

Herodium visava ser um refúgio em caso de levante popular. 

O jornal britânico “The Independent” ecoou o achado.

O Museu da Torre de David está preparando um percurso para os peregrinos poderem visitar o local. Mas se deve aguardar ainda, enquanto o local é desentulhado.

Análoga matéria foi publicada pelo “The Daily Mail” de Londres, que também menciona como prova a análise cuidadosa das pedras que recobriam o chão do palácio.

Um outro tipo de dificuldades provém do fato de que a partir do século XIX algumas representações artísticas religiosas imaginam o tremendo acontecimento evangélico num local aberto.

O julgamento mais iníquo da História teria se dado na parte do Palácio de Herodes ocupado pelo governador romano
O julgamento mais iníquo da História teria se dado
na parte do Palácio de Herodes ocupado pelo governador romano.
Nesta representação espanhola, o juízo acontece dentro de um palácio.
Por isso, alguns imaginaram o ‘Pretório de Pilatos’ como sendo não um salão ou uma dependência interna do palácio, mas num pátio aberto.

A dificuldade, na realidade, provém da imaginação do artista e não da objetividade histórica.

A polêmica está aberta entre os cientistas, mas é quase certo que aquele foi o local.

O rei Herodes Antipas (20 a.C. – morto depois de 39 d.C.) era o rei no tempo da Paixão.

Ele foi um dos filhos de Herodes, o Grande (73 a.C. aprox. — 4 d.C.), que mandou massacrar os inocentes de Belém no intuito de matar o Messias adorado pelos Reis Magos.

A linhagem de Herodes possuía outros palácios além do imenso prédio junto ao Templo. A mania de grandeza do primeiro rei dessa estirpe passou para a História.

Os vários Herodes mantinham outras fortalezas apalaciadas porque eram odiados pelos judeus.

Porque eles praticavam costumes pagãs, cometiam crimes hediondos e se mantinham no poder por um conchavo com o ocupante romano.

Não se conhece ao certo o ano de nascimento de Pôncio Pilatos, mas sim que foi Prefeito da Judeia entre 26 e 36 d.C.

Segundo narra Eusébio de Cesareia em sua História Eclesiástica caiu em desgraça junto ao imperador romano Calígula e suicidou-se por volta do ano 37 d.C.


Vídeo: o local do Juízo de Jesus