segunda-feira, 24 de junho de 2013

Museu das almas do Purgatório 1:
uma janela para o além que merece ser mais estudada

Fachada da igreja do Sagrado Coração do Sufrágio
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Indo à Basílica de São Pedro pelo Lungotevere – a avenida que bordeja o histórico rio Tibre – o romeiro é surpreso por uma bonita igreja que tem o imponderável de conter algo muito singular.

Não é só o fato de seu estilo neogótico evocar a França e destoar do distendido conjunto arquitetônico romano.

Luminosa, delicada, esguia, sorridente, mas infelizmente fechada boa parte do dia, a igreja do Sagrado Coração do Sufrágio fica a dois quarteirões de Castel Sant’Angelo e da Via dela Conciliazione, que leva direto ao Vaticano.

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Perguntei a amigos romanos o que havia nessa igrejinha.

Eles me explicaram – não sem antes me prevenirem de não me espantar – que lá havia um Museu das Almas do Purgatório.

Quer dizer, uma coleção de sinais do além deixados por essas almas, que na maioria das vezes apareceram ardendo internamente a parentes ou irmãos de religião.

A igreja com destaque à direita, no centro Castel Sant'Angelo,
à esquerda sai a Via della Conciliazione rumo a São Pedro
Sempre pedindo orações para saírem do Purgatório, onde pagavam penas devidas a seus pecados e irem para o Céu.

Quando achei o horário certo, ingressei pela igrejinha do Sagrado Coração do Sufrágio naquele inédito museu.

Nele os objetos estão expostos dentro de quadros protegidos por vidros, encostados uns aos outros por causa da exiguidade da sala.

Talvez seja o menor museu do mundo. E, entretanto, pode-se dizer que o tema ao qual se dedica é mais transcendente que o de muitos museus mais ricos e famosos.

Na época, lamentei as parcas informações fornecidas numa simples folha para uso geral dos visitantes. Mas, ainda assim, os testemunhos do além muito me impressionaram.

Interior da igreja
A importância do Museu evidenciou-se ainda mais com a entrevista realizada há pouco por uma TV italiana com o pároco da igreja, o Pe. Domenico Santangini.

Como ela foi feita em italiano, transcrevi todas suas palavras para o português e apresentando-as aqui.

Os singulares objetos que fazem parte do Museu – roupas, madeiras e outros objetos queimados com formas de mãos e outras pelas almas em fogo – merecem serem estudados pela ciência.

Como católicos nada tememos sobre as verdades de Fé envolvidas no caso.

O Purgatório não foi objeto de uma definição solene ex-cathedra, mas são inúmeros os ensinamentos revelados contidos nas Escrituras e não é lícito duvidar de sua existência.

No centro do altar mor, o Sagrado Coração de Jesus recebe as orações
de Nossa Senhora e São José.
Embaixo, as almas do Purgatório se voltam para o anjo e Nossa Senhora
enquanto o sacerdote oferece a Missa pelas almas que purgam.
Se os teólogos discutem sobre ele, é apenas sobre seu lugar e outras circunstâncias que não mudam o fato essencial: o Purgatório existe e por ele devem passar as almas destinadas ao Céu, mas que devem pagar penas por faltas cometidas na Terra.

Diz-se até que a grande Santa Teresa de Jesus teria passado pelo Purgatório para fazer uma genuflexão que não fez certa vez ao atravessar uma capela...

Como sói acontecer, estudos científicos poderiam fornecer detalhes materiais que contribuiriam para compreendermos melhor a realidade desse lugar do além, o qual não está tão longe de nós como poderíamos achar.

Em consequência, nós nos sentiríamos mais convidados a rezar pelas almas que nele estão – quem garante que também nós não poderemos estaremos um dia? – e fazermos uma meditação sobre o destino final de nossa existência.

“Pensa nos teus novíssimos e não pecarás eternamente” (Eclo 7, 40) – ensinam as Escrituras.

Aliás, o caso desse museu não é o único sobre o qual as ciências não se debruçam.

Mas é algo muito concreto, material: as provas estão gravadas com fogo em panos, folhas, livros e móveis que a gente vê com os próprios olhos e que nos abre uma janela para uma imensa realidade.

Eis a transcrição da entrevista do pároco e curador do Museu do Purgatório:

Entrevista ao pároco do Sagrado Coração de Jesus do Sufrágio, Roma (italiano, tradução no post)



Pe. Domenico Santangini, pároco do Sagrado Coração do Sufrágio, Roma: É certo que o Purgatório existe, embora não seja uma verdade de fé absoluta como o Inferno e o Paraíso. Porém, para a Igreja, é uma realidade autêntica, verdadeira.

Muitos, infelizmente, fingem não acreditar ou não acreditam de fato, por motivos pessoais. Para nós existe.

Como? Por quê?

Porque o homem é pecador e, enquanto tal, para chegar ao Senhor tem necessidade de purificação. E esta passagem das almas boas é obrigatória, uma passagem para ter uma alma limpíssima.

É lógico que o Purgatório é uma passagem para o Paraíso, não pode ser para o Inferno. Porque o Inferno é uma condenação absoluta e imediata.

Nossa Senhora do Carmo resgata almas do Purgatório.
Brooklyn Museum, escola de Cuzco, Peru
Portanto, procuremos descobrir a importância do Purgatório e de rezar muito pelas almas do Purgatório.

Porque, uma vez que estas almas entram no Paraíso, elas podem interceder por nós que estamos aqui embaixo.

Portanto, caros amigos, caríssimos fiéis, permanecei tranquilos e serenos. O Purgatório é uma grande verdade, uma grande realidade que não podemos deixar de reconhecer.

Quando falamos do além, falamos das almas do Purgatório.

Certamente podemos falar do Inferno.

Mas, não cabe a nós estabelecer quem está no Inferno ou no Purgatório. Só o Padre Eterno sabe, por isso nós cristãos de boa fé, quando encomendamos uma Missa pelos defuntos, a encomendamos pelas almas do Purgatório.

As almas santas podem se fazer sentir, “se apresentar” a nós, de muitas maneiras.

Poder ser num sonho, pode ser num elemento exterior, pode ser uma intuição, pode ser algumas vezes uma aparição.

Assim como temos nesta paróquia, existem testemunhos que põem em evidência como as almas do Purgatório pedem a nós, vivos, orações ou Santas Missas para que elas possam ser liberadas dos sofrimentos do Purgatório.

Por que o Purgatório é sofrimento? Por quê? É sofrimento porque ainda não chegaram a Deus. É o sofrimento da separação de Deus. Esta separação cessa quando entram no Paraíso.

Quem pratica o espiritismo não faz outra coisa senão evocar a alma dos mortos, mas, se respondem, esses mortos querem dizer que estão no Inferno.

Porque as almas que estão no Purgatório, embora distantes do Senhor, não se prestam ao nosso jogo humano de evocação, enquanto que as almas do inferno, que já são almas perdidas, como verdadeiros diabos então respondem, para poder atrair outras almas para onde elas estão.

Portanto, o espiritismo é exatamente o oposto da oração ou da aparição dessas almas aos vivos. É exatamente o oposto.
Altar pelas almas do Purgatório. Igreja de São Francisco, Pontevedra, Espanha

O bom cristão não pode não acreditar no Purgatório. Porque se ele não crê no Purgatório não é um verdadeiro cristão, transforma-se quase num pagão. Sim, um pagão.

Jesus nos disse muitas vezes no Evangelho que, no Fim do Mundo, Ele levará ao Paraíso as almas dos justos que dormem o sono da paz. Os levará ao Paraíso. Então, quer dizer que existe esta passagem.

Lógico, há santos que talvez vão direto ao Paraíso. Mas muitas almas, por faltas mais ou menos graves, passam pelo Purgatório.

Mas o espiritismo é uma coisa nefasta, e os cristãos que vão consultar esses charlatões cometem pecado grave, gravíssimo.

Jornalista : E fazer encomendas é pecado?

Pe. Domenico Santangini: É pior ainda. É pior ainda. Por favor, não façam essas coisas. Porque é o demônio que responde, e de fato toma conta da vossa alma.

O demônio é velhaco, velhaquíssimo. Devemos verdadeiramente evitar ir, e dizer aos outros para não fazê-lo – a nossos parentes, amigos –porque, de outro modo, podem comprometer sua alma.

Quando dizemos que alguém vende a alma ao demônio é através dessa via, desse espiritismo, dessas evocações.


O Purgatório e seu Museu em Roma (legendado em português)




Continua no próximo post: Museu das almas do Purgatório 2: os sinais do além deixados por almas que padecem para se purificar